quarta-feira, 7 de março de 2012

Soneto I

Na alma tenho um segredo e na vida um mistério,
um grande e eterno amor num momento irrompido;
é um mal sem esperança, e assim, profundo e sério,
aquela que o causou nem sabe que é nascido.

Azar! Passo a seu lado, em vão, despercebido,
portanto, sempre só, sem nenhum refrigério,
e hei de chegar ao fim, à campa, ao cemitério,
nada ousando pedir ou tendo recebido.

E ela que o céu criou boa e terna, hei de ver
seu caminho a seguir, e a ouvir sem entender
o murmúrio de amor que a seus pés se erguerá...

A um austero dever, piedosa, se desvela,
e dirá, quando ler meus versos cheios dela:
- Que mulher será essa? - E não compreendera.

Anvers