sexta-feira, 30 de março de 2012

Brincadeira

Que tipo de leitor você é?

O BÁSICO - de 0 a 0 livros por ano 
Características:
De raciocínio lento, não consegue verbalizar um pensamento de forma minimamente estruturada e possui algum tipo de fanatismo religioso.
Culturalmente: Uma nulidade.

O IGNORANTE - Fantasiosamente chamado de ANALFABETO FUNCIONAL no Brasil
 – de 0 a 1 livro por ano
Características: Pouco mais consegue do que verbalizar ideias feitas.
Culturalmente: Quase uma nulidade. Conhece os nomes dos participantes de reality shows e de jogadores de futebol e possui algum tipo de fanatismo religioso.

O ALIENADO - de 1 a 2 livros por ano
Características: Verbaliza as ideias de forma estruturada, mas não tem opinião própria.
Culturalmente: Utiliza redes sociais para ser notado, assisti reality shows e programas de "pegadinhas".

THE ORDINARY PEOPLE – de 2 a 5 livros por ano
Características: Tem alguma opinião, verbaliza de forma descuidada.
Culturalmente: Torcem por algum time de futebol, sabem os nomes dos jogadores, 50% assistem a reality shows e pegadinhas. 

THE LIGHT PEOPLE – de 5 a 10 livros por ano
Características: Tem alguma opinião, verbalizam de forma mais cuidadosa.
Culturalmente: Torcem por algum time de futebol, sabem os nomes dos jogadores, 30% assistem a reality shows e pegadinhas.

O INTELECTUAL – de 10 a 20 livros por ano
Características: Por vezes bilíngues, verbalizam de forma cuidadosa e tem opinião sobre tudo.
Culturalmente: Sabe tudo o que os outros sabem para além daquilo que os outros não querem saber. Não assistem reality shows, partidas de futebol e programas de auditório com pegadinhas.

O ERUDITO – de 20 a 40 livros por ano
Características: Rápido, eloquente, com ideias próprias e poliglotas.
Culturalmente: Não assistem TV, não ouvem funk, forró e música baiana. Quando muito, compram DVD´s escolhidos criteriosamente.

O NERD – de 40 a ∞ livros por ano
Características: Sem dados (ninguém o vê, porque está sempre escondido atrás de um livro).
Culturalmente: Não tem vida social de espécie alguma.

quarta-feira, 28 de março de 2012

O Testamento

Um homem rico estava muito mal, agonizando.

Pediu papel e caneta. 
Escreveu assim:
 
"Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres".

 Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava a fortuna? Eram quatro concorrentes.

1) O sobrinho fez a seguinte pontuação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:
Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

3) O padeiro pediu cópia do original. Puxou a brasa pra sardinha dele:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

4) Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.

Moral da história: A vida pode ser interpretada e vivida de diversas maneiras. Nós é que fazemos sua pontuação. E isso faz toda a diferença.

domingo, 25 de março de 2012

Podes me ouvir?

Nesta terra distante, do outro lado do mundo
Não sou mais um senhor
dos meus sonhos, da minha vida.

Olhando o oceano, o horizonte distante
Vejo o ocaso e o esquecimento
E dentro de mim, a dor consome

Podes me sentir?
Ouves o gemido preso em meu peito?
E o som das correntes invisíveis que me prendem?

Vejo as nuvens, sentindo o vento e a tempestade.
Colorindo o céu de purpúrea cor
Podes me senitr?

Enfrentaria o mar tempestuoso e seus demônios
O vento em sua fúria
Desafiando com meus punhos a força dos deuses

A ti navegaria
E teu rosto seria minha estrela guia
Teu sorriso a lua

Podes me ouvir?

sábado, 24 de março de 2012

Liberdade de escolha

Políticamente incorreto... e dai?

O General Montgomery estava sendo homenageado, pois venceu Rommel na batalha da África, na II Guerra Mundial e em seu discurso disse:

"Não fumo, não bebo, não prevarico e sou herói"

Churchill,comentou com o colega ao lado:

"Eu fumo, bebo, prevarico e sou chefe dele."

Winston Churchill

O repórter pergunta ao velho Churchill,

Churchill, qual o segredo dessa longevidade?

E Churchill responde... O esporte, meu caro, o esporte... nunca o pratiquei.



Winston Churchill


Um fanático é uma pessoa que não pode mudar de opinião e que não muda de assunto.


Winston Churchill

O vício inerente ao capitalismo é a distribuição desigual de benesses; o do socialismo é a distribuição por igual das misérias.

Winston Churchill

quarta-feira, 7 de março de 2012

Outono

Quando ao cair das folhas pelo outono,
tu fores procurar no Campo-Santo
minha cruz, hás de vê-la num recanto
como atirada em místico abandono.

Sobre o leito em que durmo o último sono
verás de flores um rosado manto,
que regarás com lágrimas, enquanto
caírem folhas mortas pelo outono...

São flores que nasceram de meu peito.
Colhe-as tu, de joelhos, com respeito,
num gesto de carinho e de meiguice,

para enfeitar, à tarde; os teus cabelos:
- são poemas que pensei sem escrevê-los,
e palavras de amor que não te disse . . .

Stecchetti

Fatalidade

Por mim passaste no correr dos anos,
dos anos ao correr por ti passei;
não me inspiraste sonhos nem enganos,
nem enganos nem sonhos te inspirei.

A teu respeito nunca tive planos
e, quanto a mim, não os tiveste, eu sei;
em não me amando não sofreste danos,
danos, por não te amar, não amarguei.

Mas, num dia fatal do meu destino,
tudo mudou e eu vi-me dominado
por estranha paixão, um desatino!

E, hoje, me julgo, já desiludido,
um venturoso por te haver achado,
um desgraçado por te haver perdido.

Stecchetti

Beijo póstumo

Eu morrerei: a grande noite austera
vem chegando com o tempo que não para;
já a cova negra minha carne espera
e, abrifauce e faminta, se prepara...

Quando tudo renasce à primavera,
eu só não tornarei da terra ávara;
e, do meu corpo, que não chão se altera,
brotará a mangerona, humilde e rara.

Em nome deste amor, vai lá, querida,
e sobre a tumba compassiva e pura,
colhe uma planta de meu ser nutrida.

Beija-a, porque aos teus beijos de ternura,
logo os meus ossos, como outrora em vida,
palpitarão de amor na sepultura.

Stecchetti

Repúdio

Podes-me repudiar, então, quando quiseres;
agora mesmo, quando o mundo me crucia.

À cólera da sorte aliado, se o preferes,
apressa-te a ensejar-me a fatal agonia.

Ah! se o meu coração vencer tal crueldade,
não venhas mitigar a angústia em que me fine.

Não abrandes a fúria atroz da tempestade,
deixa que o ideado mal de todo me arruíne.

Se me hás de repudiar, repito, seja logo,
não depois que eu tiver outros males passado.

Assalta-me de pronto e já; assim, me afogo,
primeiro, na pior dor que pode dar-me o fado,
e outras dores que, após, me encham o coração,
tendo-te perdido eu, nem dores mais serão.

Shakespeare

Em minha desgraça

Quando em minha desgraça e sem fortuna sigo
dos homens desprezado, e minha sorte choro,
praguejo contra os céus insensíveis, deploro
meu destino, e em protesto inútil me maldigo.

E os ricos de esperança invejo, e, num momento,
anseio ter também prazeres, alegrias,
tudo o que, à alma nos traz algum contentamento
e de amizades enche o decorrer dos dias...

Mas se assim desolado estou, e penso em ti,
tal como a cotovia ao vir da madrugada,
canto à espera do sol, à luz que ainda não vi,

e me sinto feliz, e sou rico talvez,
pois tendo o teu amor em minha alma encantada,
nem troco o meu Destino e nem invejo os Reis!

Shakespeare

Remorso atroz

Quando fores dormir, ó bela tenebrosa,
num negro mausoléu de mármore, e não
tiveres por alcova e morada senão
uma fossa profunda e uma tumba chuvosa;

quando a pedra, oprimindo essa carne medrosa
e esses flancos sensuais de morna lassidão,
impedir de querer e arfar teu coração,
e teus pés de seguir a trilha aventurosa,

o túmulo que tem um confidente em mim,
- porque o túmulo sempre há de entender o poeta -,
na insônia sepulcral dessas noites sem fim,

dir-te-á: "De que serviu, cortesã incompleta,
não ter tido o que em vão choram os mortos sós?"
- E o verme te roerá como um remorso atroz.

Baudelaire

Soneto I

Na alma tenho um segredo e na vida um mistério,
um grande e eterno amor num momento irrompido;
é um mal sem esperança, e assim, profundo e sério,
aquela que o causou nem sabe que é nascido.

Azar! Passo a seu lado, em vão, despercebido,
portanto, sempre só, sem nenhum refrigério,
e hei de chegar ao fim, à campa, ao cemitério,
nada ousando pedir ou tendo recebido.

E ela que o céu criou boa e terna, hei de ver
seu caminho a seguir, e a ouvir sem entender
o murmúrio de amor que a seus pés se erguerá...

A um austero dever, piedosa, se desvela,
e dirá, quando ler meus versos cheios dela:
- Que mulher será essa? - E não compreendera.

Anvers

Eterna adorada

Quando a própria voz dos pensamentos se cala
e em mim ressoa um canto doce e piedoso,
então, te invoco; ouvirás o meu apelo?
Das brumas frias em que nadas, irás libertar-te?

Irão iluminar a noite profunda
os teus olhos grandes, portadores de paz?
Ressurges das sombras dos tempos idos,
para ver-te voltar - como em sonho, assim, viva!

Desces devagar... perto, mais perto,
aconchegas-te novamente sorrindo à minha face,
oh, teu amor como um suspiro mostra-o,

com tuas pestanas tocas as minhas pálpebras,
que eu sinta a vibração do teu abraço
perdida para sempre, eterna adorada.

Mihail Eminescu

Luz e sombras

Contradição estranha: eu te quero e te odeio!
Quando estás longe, sofro, e sofro quando estás
bem junto a mim, cantando, em voluptuoso enleio,
"1'éternelle chanson" mentirosa e falaz.

- De que serve sonhar, se o sonho só nos traz
novas desilusões? - Para que tanto anseio,
se logo após me rói a Dúvida minaz,
e sinto dominar-me um singular receio?!

- De que serve, afinal, amar desta maneira
a tua carne em flor, se na hora derradeira
há de extinguir-se a luz do teu olhar bendito,

e hás de volver ao pó dos abismos profundos?
És nada em face ao nada, átomo em face aos mundos,
e és tudo para mim no tempo e no infinito!

M. Cruz, 1917

Maldição

Maldita sejas tu, mulher querida
Tu, que ao repouso antigo me tiraste
e a minha alma de ingênuo deslumbraste
com o falso brilho de uma nova vida!

Maldita seja a boca apetecida
onde a sede de amor me saciaste,
taça em que de teus beijos me ofertaste
a capitosa e pérfida bebida!

Maldito seja o amor em que me enlaço
consciente, abandonando o meu descanso
minha antiga ventura, e minha paz!

Malditas, as palavras que disseste!
Maldito, o longo beijo que me deste
e este pungente gozo que me dás!

Afonso Lopes de Almeida

Em memória

Do que foi um Amor, uma doçura
sem par, feita de sonho e de alegria,
resta somente agora a cinza fria
que retém esta pálida envoltura.

A orquídea de esquisita formosura,
a borboleta em vã policromia
deixaram a fragrância e a galhardia,
legado para a minha desventura.

Sua lembrança sobre tudo impera;
de seu sepulcro minha dor a arranca;
minha fé a cultua; o amor a espera;

mas devolvo-a à luz com a mesma e franca
risada matinal de primavera:
nobre, modesta, carinhosa e branca!


Guillermo Valencia

As cinzas de um crepúsculo

As cinzas de um crepúsculo, Senhora,
- rota a cinzenta nuvem da tormenta -
pintaram sobre a rocha pardacenta
no cerro, ao longe, um resplendor de aurora;

uma estática aurora em rocha fria
que assombra e que apavora o caminhante,
mais que feroz leão, em claro dia,
ou nas dobras da serra, a ursa gigante.

Com o fogo de um amor que é meu tormento
entre a esperança e o medo um sonho esboço,
procuro o mar, além... o esquecimento;

não, como à noite, a rocha, é o amor vosso,
enquanto o mundo gira em sombras, lento...
Não me chameis, porque voltar não posso.

Antonio Machado

A fonte de sangue

Muitas vezes parece jorrar o meu sangue
como uma fonte - então me sinto vago, exangue;
ouço-o como um murmúrio surdo em minha vida
mas me atormento em vão, sem achar a ferida.

Pela cidade inteira a escorrer, vai formando
sobre um campo fechado, ilhas de vez em quando,
e vai matando a sede a cada criatura
pondo em tudo o que toca uma rubra moldura.

Tenho pedido sempre aos vinhos capitosos
esquecer, por um dia, essa angustia tão rara,
- o bom vinho que à vista e que ao ouvido aclara.

E só no amor achei os sonos generosos,
mas o amor para mim a um leito em brasas, feito
para um sofrer cruel! E um inferno em meu peito!

Baudelaire

Le bonheur de ce monde

Ter uma casa boa, limpa e bem cuidada
um variado jardim de canteiros cheirosos,
frutos, bom vinho, filhos pouco numerosos,
possuir só, sem alarde, uma esposa afeiçoada;

não ter contas, amor, questões, demandas, nada
de partilha a fazer com parentes cuidosos,
com pouco se fartar, descrer dos poderosos,
seus desejos regrar por pauta moderada;

viver tendo franqueza e não tendo ambição,
entregar-se sem pejo à sua devoção,
domar suas paixões, conte-las com acerto;

conservar a alma livre e o julgamento forte,
rezar enquanto medra o enxerto
e esperar docemente em sua casa a morte.

Cristophe Plantin