quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Androclo e o leão

Androclo, escravo do cônsul romano designado para a África, fugiu da casa do amo brutal e, depois de errar vários dias pelo deserto, refugiou-se, exausto, numa gruta solitária.
Um belo dia, horrorizado, divisou um leão enorme na entrada da gruta.
Notou, contudo, que o a fera manquejava e gemia de dor, em resultado, evidentemente de um ferimento na pata.
Recobrando-se do pavor inicial, Androclo reuniu uma dose suficiente de coragem para examinar a pata do leão, e dela retirou uma grande lasca de madeira. O leão não tardou a deitar no interior da gruta e adormeceu.
O homem e o animal viveram juntos, pacificamente, durante quase três anos, no mesmo local, sobrevivendo graças às caçadas do leão.
Mas depois, cansado daquela existência solitária, Androclo deixou o refúgio um dia que o leão saira para caçar.
Pouco depois, teve a má sorte de ser capturado por uma patrulha romana. Levado a Roma como castigo, foi condenado a morrer estraçalhado por animais ferozes no Circo Máximo.
Ele era apenas um dos muitos infelizes escolhidos para proporcionar uma diversão selvagem, naquela tarde, ao imperador e a uma grande multidão de espectadores.
E entre os animais selvagens arrebanhados na arena para dar cumprimento ao decreto do Estado, havia um leão que se destacava dos demais pelo tamanho imenso e pelo aspecto feroz.
O apavorado Androclo preparou-se para enfrentar a morte.
Súbito, porém, a fera agigantada, em lugar de precipitar-se sobre ele, sobresteve e, depois a passo lento, caminhou tranquilamente em sua direção, abanando a cauda como que em sinal de amistoso reconhecimento.
Quase morto de terror, Androclo - de olhos fechados - sentiu a língua quente do animal lamber-lhe as mãos e os pés.
Abrindo os olhos, encarou com atenção a fera que assim o acariciava de maneira tão dócil, e nela reconheceu o companheiro do deserto.
A multidão, maravilhada com o espetáculo extraordinário, aplaudiu estrepitosamente, e o imperador, chamou o antigo escravo para junto de si e ordenou-lhe que revelasse os antecedentes do estranho episódio.
Androclo contou, então, toda a história da vida que ambos haviam levado na gruta e o motivo do tratamento  compassivo do animal.
Inclinando-se diantre da demonstração popular, o imperador concedeu-lhe a liberdade, dando-lhe de presente o leão, como companheiro enquanto vivesse.
E os cidadãos de Roma não tardaram a acostumar-se ao espetáculo do homem que passeava pela cidade conduzindo, preso por uma fina fita de tecido, o leão domesticado pela bondade.

Aegyptiacorum - Apion

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Nibelungenlied

E Kriemhild pergunta a Hagen:
"Quero saber de uma coisa: onde está o tesouro dos Nibelungos?
Ele me pertence e deves devolvê-lo."
E Hagen, que o havia escondido nas profundezas do Reno, responde:
"Há anos, Rainha Kriemhild, dele não sei mais nada.
No Reno o deixei, e lá para sempre ficará."

O pretexto surgira.
A rainha dos Hunos incita seus guerreiros a combaterem o séquito de seu irmão, composto de mil guerreiros.
Morrem Gunther e Ortlieb.
Irredutível, Kriemhild não desiste, enquanto houver um inimigo vivo.

Durante os encarniçados combates, a própria rainha se incumbe de executar Hagen, com a espada que pertencera a Siegfried.
Logo depois, Kriemhild é trucidada por seus próprios guerreiros, que não se conformam em ver uma mulher matar um corajoso cavaleiro.

Não posso referir o que se passou depois.
Cavaleiros, mulheres e nobres escudeiros choram seus amigos mortos.
Aqui a história chega ao fim.
Esta é a agonia dos Nibelungos.

Disciplina

A única forma aceitável de disciplina é a disciplina perfeita.
O propósito primeiro da disciplina é manter os homens alertas. Um soldado que é tão letárgico a ponto de esquecer de bater continência para um oficial, será também alvo fácil para o inimigo.

George S. Patton

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Alexandre o grande e os Citas

Contrariamente ao que se diz, Alexandre sabia calar-se e render-se à sabedoria de homens de valor. Disso deu provas nos seus primeiros contatos com a Asia, ao ouvir pacientemente o discurso de um embaixador cita; um grego não ousaria dizer a sua frente metade do que foi dito sem correr o risco de morrer.

Eis o discurso:

"Se a ti os deuses tivessem dado um corpo proporcional as tuas ambições, o universo seria pequeno para ti; com uma das mãos tocarias o oriente e com a outra o ocidente. E não contente ainda seguirias o sol para saber onde se deita.
Tua ambição é maior do que tu. Quando tiveres subjugado todos os homens, farás guerra aos rios, as florestas e às feras.
Porventura ignoras que as grandes árvores custam a crescer e que em uma hora podes abatê-las?
O insensato cobiça-lhes os frutos sem considerar a altura. Atenta pois para não caires em meio aos galhos em que te enredares.
O leão as vezes serve de pasto as aves pequenas e a ferrugem corroi o ferro.
Nada existe que seja tão forte que não possa ser destruido por um conjunto de coisas mais fracas.
Que temos a discutir contigo? Nunca pusemos os pés em tuas terras.
Por que negas aos que aqui vivem, o direito de ignorar a tua presença e o que és?
Não queremos obedecer nem mandar em ninguem, e para que saibas que espécie de gente somos, queremos dizer-te que dos deuses recebemos como dadivas preciosas uma junta de bois, um arado, uma flecha, um dardo e uma taça.
Estes são os nossos instrumentos de paz e de guerra.
Com os amigos partilhamos o trigo obtido com o trabalho dos bois e na mesma taça oferecemos vinho aos deuses.
Quanto aos inimigos, a flecha os abate de longe e o dardo de perto.
Tu te vanglorias de que vieste em nome da justiça para exterminar os ladrões; És o maior ladrão da terra.
Saqueaste e dizimaste as terras sob teu jugo e ainda vens roubar nosso rebanho.
Em tuas mãos ja não cabem mais presas.
Que pretendes fazer de tantas riquezas que somente aumentam tua sede?
Na abundancia tiveste como companheira a solidão.
Para ti a vitoria é a semente de novas guerras.
Nenhum povo se submete ao jugo de um principe estrangeiro.
Prossegue no mau caminho que tomaste e sentirás a vastidão de nossas planicies.
Podes perseguir os citas, duvido que os alcance.
Nossa pobreza nos faz leves e ágeis, enquanto tu terás que carregar o pesado fardo dos despojos das terras que pilhaste e, quando pensares que estamos longe, hás de nos ver sempre a teus calcanhares, pois com a mesma rapidez com que fugimos de nossos inimigos, os perseguimos.
Crê, a fortuna é escorregadia; cuida bem para que não te escape, e difícil será retê-la se ela quiser abandonar-te; põe-lhe um freio antes que ela te seja adversa.
Finalmente, se és deus, como o dizes, apieda-te dos mortais.
Mas se és um homem, pensa sempre no que és, pois é vão alimentar pensamentos que nos afastem de nós mesmos.
Deixa-nos em paz e seremos bons amigos, pois as mais sólidas amizades se fazem entre iguais e não te iludas em ser amado pelos vencidos; entre o senhor e o escravo não pode crescer o fruto da amizade.
Saiba ainda que para selar nossa aliança não precisamos nem de juramentos nem do testemunho dos deuses; pois aquele que não cumpre sua palavra de homem não tem escrúpulo em enganar aos deuses. Podeis então escolher: ter-nos como amigos ou como inimigos".

domingo, 6 de agosto de 2017

În căutarea lui Dracula

"..ele odiava tanto o mal nos seus domínios que quando alguém cometia uma iniquidade, como roubar, furtar, mentir ou cometia injustiça, não tinha possibilidade de ficar vivo. Fosse ele nobre, sacerdote, monge ou homem comum, e ainda que muito rico, não escaparia da morte e da punição.
E ele se preocupava que houvesse uma fonte de água fresca e pura, onde os viajantes sedentos, vindos de lugares distantes pudessem saciar sua sede. Perto dessa fonte, havia uma grande taça de ouro trabalhada. Assim quem quisesse saciar sua sede, poderia utilizá-la, deixando-a depois em seu devido lugar. E enquanto o príncipe viveu, a taça nunca foi roubada.."

"Certa vez um negociante, procedente da hungria, viajou até a capital de Dracula. Seguindo seu capricho, deixou a carruagem na rua, defronte do palácio, com todos os seus bens dentro. Um ladrão veio a noite e lhe roubou 160 ducados. O negociante foi até Dracula e lhe falou sobre seu prejuizo. Nosso príncipe lhe disse: Podes ficar tranquilo, esta noite teu dinheiro será devolvido.
E deu ordens para que o ladrão fosse capturado. Acresentando aos guardas: Se não encontrades o ladão, destruirei a cidade até seus alicerces.
Deu a seguir ordens para que uma bolsa com 160 ducados de ouro fossem colocados de volta na carruagem.
Antes que a bolsa fosse posta na carruagem, acescentou uma moeda de ouro a mais..
Na manhã seguinte, ao acordar, o comerciante foi até a carruagem e deparou com a bolsa contendo seus ducados. Resolveu contá-las. Contando uma segunda vez, para eliminar qualquer dúvida, encontrou uma moeda de ouro a mais.
Após isso, foi até Dracula e disse: Senhor, minhas moedas me foram devolvidas, mas encontrei uma moeda a mais, que não me pertence.
E Dracula, com uma olhar sério e ao mesmo tempo divertido, retrucou: Se não me tivesses contado sobre a moeda a mais, te mandaria empalar junto com o ladrão. Volta em paz a tua terra.

În căutarea lui Dracula - O istorie adevărată a lui Dracula și legendele cu vampiri.

Florescu, Radu