domingo, 15 de abril de 2012

Como vai?

Como vai?
Telefone, celular, sms, torpedo, e-mail, Messenger, redes sociais, dentre outros.
Nunca houve tantos meios de comunicação à disposição da sociedade como hoje. Tantos meios que "facilitariam" a comunicação entre pessoas e, no entanto, torna-se cada vez mais difícil "falar com alguém".
Conversar hoje, conhecer pessoas, fazer amizades reais, sem banalizar a palavra: "amigo". Que hoje significa apenas: "alguém a quem eu adicionei a minha rede social". Hoje é praticamente impossível entabular uma conversa, olhar nos olhos, conhecer alguém, tirar conclusões, odiar ou amar, de modo real.

E o tempo? Que tempo?
Colaborando com o quadro desolador da falta de comunicação, há a questão do "tempo" ou mais objetivamente, da pretensa falta dele.
Pois o tempo não é senhor e mestre e sim um modo de contarmos os dias. Sábio é gerenciá-lo de modo a termos apenas os seus benefícios.
Cada vez mais se ouve: "Não tive tempo para te ligar" ou "não tenho tempo para um relacionamento" ou ainda, apenas para dizer "como vai?".
Em um dia com 24 horas, ou seja, 1440 minutos, ninguém se dispõe a ceder 5 preciosos segundos para dizer "como vai?", para saber se você está bem, para dizer que está com saudades, ou apenas para ouvir as últimas palavras de um moribundo.

Isolado, sem tempo e solitário.
Neste momento a solidão bate a sua porta. Não a simples solidão, mas a amargura, a sensação de abandono, não apenas a poética solidão. Uma solidão auto infligida. Posto que a partir do momento em que o ser humano se isola em um mundo fictício, virtual, e pensando apenas em si mesmo e em sua condição de miséria humana, ele afasta quem deveria trazer para si e isola outras pessoas de um convívio humano.

Isolado, sem tempo, solitário e vivendo de aparências.
Vivendo apenas para si, sem realmente viver, aproveitar a vida, ter tempo para o lazer saudável, um simples jantar com a família, o individuo se volta para o trabalho, não o trabalho produtivo, mas sim o escravagismo. O escravagismo resultado do desejo de se sobressair, não apenas ser produtivo, mas um "sobressair" a custa das aparências, da riqueza e status. Ser notado, não apenas ser sociável e ao mesmo tempo, temendo a inveja ou expor fraquezas, se esconder ao invés de ser reservado.

Deveríamos pensar em nossas atitudes, se nosso sofrimento e solidão não são causados apenas por nós mesmos. Se nossa ambição é saudável ou apenas o desejo de suprir nossa vontade de ocultar por vergonha a simplicidade de nossa vida. E se a solidão que nos mata por dentro não foi um monstro criado por nós mesmos. Fazendo-nos perder, por vezes, grandes oportunidades ou a simples chance de ser feliz.