quarta-feira, 11 de março de 2015

Eterno Amor

Vou morrer, pois que a morte já me espera
para envolver-me em sua treva densa:
e a terra, que se rasga em fauce imensa,
há de tragar-me com furor de fera.

Em volta, refloresce a primavera,
mas eu, como a cumprir minha sentença,
vejo a morte chegar, com a indiferença
de um muro velho sufocado de hera...

No meu sepulcro, a resplender de flores,
pelas tardes serenas se lá fores,
colhê-las, ou beijá-las com temor,

sentirás que os meus ossos, de ansiedade,
aos teus beijos, tão cheios de saudade,
dentro da cova tremerão de amor

Olindo Guerrini (Stecchetti)