Contradição estranha: eu te quero e te odeio!
Quando estás longe, sofro, e sofro quando estás
bem junto a mim, cantando, em voluptuoso enleio,
"1'éternelle chanson" mentirosa e falaz.
- De que serve sonhar, se o sonho só nos traz
novas desilusões? - Para que tanto anseio,
se logo após me rói a Dúvida minaz,
e sinto dominar-me um singular receio?!
- De que serve, afinal, amar desta maneira
a tua carne em flor, se na hora derradeira
há de extinguir-se a luz do teu olhar bendito,
e hás de volver ao pó dos abismos profundos?
És nada em face ao nada, átomo em face aos mundos,
e és tudo para mim no tempo e no infinito!
Quando estás longe, sofro, e sofro quando estás
bem junto a mim, cantando, em voluptuoso enleio,
"1'éternelle chanson" mentirosa e falaz.
- De que serve sonhar, se o sonho só nos traz
novas desilusões? - Para que tanto anseio,
se logo após me rói a Dúvida minaz,
e sinto dominar-me um singular receio?!
- De que serve, afinal, amar desta maneira
a tua carne em flor, se na hora derradeira
há de extinguir-se a luz do teu olhar bendito,
e hás de volver ao pó dos abismos profundos?
És nada em face ao nada, átomo em face aos mundos,
e és tudo para mim no tempo e no infinito!